Manifesto Anabólico XIV
NO PAIN NO GAIN SOBRE OUTRA ÓTICA
Para a maior glória de si mesmo e superação de obstáculos se torna preponderante ir além de certos limites para que vença sua guerra pessoal contra o desânimo, o derrotismo e a preguiça, contrário a toda uma teoria fraca, camuflada de muito zelo que molifica o Guerreiro que existem em você.
Alguns segmentos da sociedade hiper-prudente são alarmistas quanto a qualquer sintoma de desconforto. É a era das aspirinas, paracetamóis, iboprufenos e antiinflamatórios a todo o momento. Daí o menoscabo ocasionado quando o atleta brada em alto e rústico tom: No Pain No Gain!
A fraca estirpe de pessoas mais delicadas e sensíveis a dor, porque nunca ultrapassaram os limites da mesma, tenderão a desencorajar outras pessoas a desafiá-la. A insegurança e a incerteza do que ocorrerá além dos mínimos sintomas da dor é um terreno a ser evitado e condenado como um ato de irresponsabilidade por muitos.
Resultado: uma súcia de homens e mulheres supra higienizados, intocáveis e mais frágeis do que um prato de porcelana, apenas preparados a vencer uma batalha em frente da TV com um playstation na mão. Ficam resfriados só de colocar o dedo para fora da janela em um dia mais frio. Isso enfraquece a disciplina e o aferro.
A Academia de Ginástica deveria ser um ótimo lugar para resgatar o Guerreiro que vence os limite da dor e a incerteza com técnica e segurança, em um mundo onde o maior desafio real é financeiro e vencer o trânsito para chegar em casa.
A percepção da dor pode ser alterada progressivamente em algo a ser tolerada e não evitado ao primeiro e fraco sintoma. Com o tempo e persistência, a sensação de dor diminui e o cérebro a interpreta como algo aceitável, melhor ainda, a interpreta progressivamente como um sintoma de euforia percutido pela liberação dos neurotransmissores endorfina, um analgésico produzido pelo próprio corpo e a serotonina, que estimula o bem estar e autoconfiança. É assim que se sentem os atletas de várias modalidades ao vencerem os limites do inimaginável para os fracos e sedentários. É assim que conquistam medalhas que exaltam o espírito e o valor humano!
Em qualquer prática esportiva é conhecido a dor muscular, a musculatura se torna mais rígida, sensível ao toque e ao movimento bem como inchada.
Mathews e Fox dividem a dor muscular em duas: A dor aguda imediata após o exercício, associada ao fluxo sanguíneo insuficiente (isquemia) e com isso o impedimento da remoção de substratos metabólicos que estimulam receptores dolorosos dentro do músculo; quando a contração é reduzida e volta o fluxo, a dor desaparece, e a dor tardia, que se manifesta de 24 a 48 horas após o esforço e pode ocorrer devido, possivelmente, a microrupturas de tecido mole e/ou espasmos musculares causados pela isquemia em ciclo.
A superação do desconforto que o permite realizar mais uma ou algumas repetições no agachamento livre ou ao corredor que aciona suas últimas e extremas possibilidades para cruzar a linha de chegada exige disciplina física e mental, se é que existe uma divisão entre ambas.
Para superar a dor e a incerteza, atletas utilizam métodos naturais cada vez menos compreendidos por muitos colegas direcionados para o wellness/fitness, mas alguns relatos científicos poderão auxiliá-los no entendimento de alguns “estranhos” recursos.
Uma pesquisa no mínimo interessante conduzida na Universidade de Oxford na Inglaterra conduzida por Katja Wiech coloca dois grupos, um de católicos e outro composto por ateístas a admirar duas pinturas clássicas do século XV: A imagem religiosa da Virgem Maria de Bartolo de Sassoferrato e o retrato pagão da Dama com Firmino de Leonardo Da Vinci.
Após admirar as imagens por trinta segundos, os dois grupos receberam descarga elétrica por 12 segundos. Católicos e ateístas registraram níveis similares de dor após ver o retrato de Da Vinci, mas católicos experimentaram 12% menos dor depois que observaram a imagem da Virgem Maria.
Escaneamento cerebral comprovam que quando os crentes viram a imagem religiosa ativaram em seus cérebros o córtex pré-frontal que suprime as reações a situações que são ameaçadoras estando relacionada com a regulação da dor e a valorização dos estímulos emocionais. Wiech comenta “A pesquisa pode ajudar as pessoas a reinterpretar a dor e torná-la menos ameaçadora.”
Por analogia, caso seja católico fervoroso, se levar para o seu treino a imagem de seu Santo favorito e visualizá-la por alguns segundos, antes de sua série derradeira de agachamento, conseguirá certamente realizar repetições a mais. Se for pagão, recomendo uma foto monstruosa de Marcus Rhul. Por isso Ginásios Hardcore mantêm orgulhosamente fotos e pôster de atletas famosos como um estímulo visual a ser admirado e tomado como estímulo e exemplo de que objetivos elevados podem ser alcançados. Melhor ainda, tenha sua imagem preferida lapidada em sua mente contra a franqueza e o desânimo. Eu invoco o espírito da INFANATARIA nas horas de incertezas, e dá muito certo.
É sabido que na maioria das academias fitness/wellness, são condenados urros e a emissão de outros sons tribais, muito embora os gritinhos sejam até estimulados nas salas de aula em conjunto. Se o estabelecimento comercial tiver essa orientação nem adianta argumentar, é melhor procurar um ginásio Hardcore ou comprar algumas barras a anilhas e treinar em casa como alguns campeões já fizeram.
Outro estudo interessante realizado por Richard Stephens e colegas da Universidade de Keele no Reino Unido demonstra que o uso automático de palavrões como reação imediata ao sofrimento físico diminui a dor.
Estudantes mergulharam a mão em um recipiente com água extremamente gelada e suportaram 30 segundos em média a mais quando foram autorizados a usar palavrões. Stephens e colegas interpretaram os dados como sendo uma resposta adaptativa resultando em analgesia.
A não ser que você esteja na Temple Gym, no Ginásio Roldan ou se estivesse na antiga e extinta Ironworks, honestamente, não recomendo palavrões obscenos. Coisas como: MAIS UM! CONCENTRA! NÃO DESISTA! MORAL! SELVA! HurgrgrgI São boas opções.
Para o cérebro reinterpretar a dor como um verdadeiro estado de êxtase percutido pelos neurotransmissores requer estímulo consistente em seu programa de treinamento e determinação absoluta em vencer sentimentos de dúvida e medo!
Entretanto é necessário ressaltar aos impetuosos em excesso que é necessário aumentar cuidadosamente a carga para que a musculatura esquelética tenha tempo de se adaptar de forma funcional as tensões que surgem como recomendado por Weineck . Em fase de adaptação, também, fica no mínimo engraçado urrar com um par de dumbells de 4 quilos na mão, mas tem oligofrênico que o faz, porém se não fossem esses como teríamos histórias hilárias vindas do ginásio?
Focalizar um objetivo e persegui-lo recupera o instinto zoológico presente em cada um de nós, como o caçador-guerreiro que alimenta o corpo com a caça e a alma com conquistas.
Da caça ao Mamute a conquista de Montecastelo!
Referências:
Stephens, R.;Atkins, J. & Kingston, A. Swearing as a response to pain. Neuroreport 20, 1056-1060, 2009
Wiech K at all. An FMRI study measuring analgesia enhanced
by religion as a belief system. Oxford University Press, 2008
Fox. E. and Matheus D.K. Bases Fisiológicas da Educação Física e dos Desportos, Guanabara, Rio de Janeiro, 1986.
Weineck, J. Biologia do Esporte. Manole, Barueri SP, 2005